{cor em crônica - mais uma face das nossas palavras-alma}
um dos meus exercícios tem sido olhar pela janela. janelas ressignificadas por muitos de nós. um meio de resistir. por aqui, a minha janela se tornou minha confidente. nela me debruço pra respirar, inspirar, orar, imaginar, lembrar, xingar. nas espiadas por além do vidro, reparo nos ruídos das máquinas de lavar, nas luzes que se acendem e se apagam, nas roupas estendidas no varal, em todo esse ritual. lava, pendura, seca, passa. lava, pendura, seca, passa. o ciclo se repete. noite, lua, sol, dia. nessa constante nada constante, os vasos no parapeito me atraem o olhar. vida debruçada. recebendo doses de sol, brisa e água pra continuar ali. firme e verde. assim como eu, no meu diário pela janela, no mesmo rito bendito, fico ali no lava-passa-seca-pendura para receber minha injeção de vida e encontro minha vista surpreendida.
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